Emoções, genes, saúde e doença
O ser humano, como tudo no Universo, é manifestação de energia. Esta se
apresenta sob formas diversas, sendo diferençadas pela frequência vibratória. O corpo físico é
uma forma densa de energia. Além da energia do corpo físico, todos possuem pensamentos e
emoções e ainda outras manifestações, como sentimentos, consciência e espírito.
São formas sutis de energia. Podemos entender que o que forma o ser humano são
diversos níveis de frequência vibratória, todos ocupando o mesmo espaço, como
as ondas de rádio e de televisão de múltiplos canais estão no mesmo espaço e
podem ser captadas seletivamente por aparelhos adequados.
Os corpos físico, mental e emocional
reagem em conjunto a cada instante, nada existindo na mente e nas emoções que
não seja sentido no físico e nada ocorrendo no físico que deixe de alterar as
emoções e os pensamentos. Qualquer tipo de separação é mera invenção
didática. Portanto, as mudanças físicas quase sempre são antecedidas de pensamentos e emoções alterados e sempre provocam, pela sua presença e
prejuízo à vida funcional do ser humano, emoções desprazerosas e pensamentos
de alerta ou preocupação, gerando
mal-estar e tensão. A conseqüência dessas mudanças é uma perturbação na energia
do organismo, que se manifesta por distúrbios em áreas das quais depende o bom
funcionamento dos órgãos e sistemas.
O processo se passa no âmbito da comunicação celular. Descobertas
científicas das últimas décadas trouxeram a lume verdadeiras mágicas que
ocorrem em todos os níveis à custa de sinais químicos, elétricos, luminosos e
outros, os quais estabelecem uma rede de informação geral. Por meio dela, todas
as células se comunicam e tomam conhecimento do que se passa em todos os pontos
do organismo. Os elementos principais dessa comunicação são peptídios, cadeias
de aminoácidos, que se dispõem como contas de um colar de tamanhos diversos, e
outros tipos de substâncias. Todas levam mensagens, originadas na mente e
transduzidas no cérebro, a todas as
células. Essas mensagens codificadas são recebidas por estruturas protéicas
especiais, muito dinâmicas, que vibram e alteram sua forma em milésimos de
segundo; são os receptores. Eles captam as moléculas mensageiras e, a seguir, descodificam
as mensagens trazidas por elas, entendem essas mensagens e as enviam, por meio
de mensageiros secundários, ao interior da célula até o código genético. Em
resposta, a célula envia ao cérebro uma
mensagem retrógrada com seus próprios mensageiros.
Segundo a Dra. Candace Pert (Molecules
of Emotion – the science behind mind-body medicine. New York:Touchstone, 1999),
que foi diretora da Seção de Bioquímica Cerebral da Divisão de Neurociência
Clínica do Instituto Nacional de Saúde Mental, dos EUA, os mensageiros e os
receptores, ao se unirem, produzem as emoções. Eles seriam, na sua visão, as
moléculas das emoções. Estas seriam ao mesmo tempo não físicas e físicas. Seriam
uma transformação de um tipo de energia
em outro no organismo. Como pensamentos estão sendo produzidos o tempo todo,
estimulando o cérebro a segregar moléculas mensageiras e estas estão unindo-se
a receptores constantemente, segue que as emoções são um estado permanente do
ser humano e correspondem a pensamentos
específicos. No livro Conexão Mente-Corpo-Espírito (São Paulo:Ed. ProLibera,
2009), a mesma pesquisadora afirma: “Num nível bioquímico, nossas moléculas da
emoção – ligantes como neuropeptídios e seus receptores – coordenam todas as
funções do organismo por intermédio de uma rede interativa de troca de
informações. Quando deixamos que circulem, garantimos o funcionamento saudável
e nós também ficamos saudáveis. Quando bloqueamos o processo, suprimindo ou
negando uma emoção, podemos perder a integridade biológica e psicologicamente.
As variações emocionais influem diretamente sobre a probabilidade de o
organismo ficar doente ou sadio”.
O resultado imediato das emoções é a sensação que provocam e pode ser
de bem-estar ou de mal-estar. Conforme
seu efeito são classificadas em emoções prazerosas ou desprazerosas. As
primeiras fariam parte de uma cascata de eventos em que os mensageiros são
substâncias químicas capazes de produzir fisicamente descontração muscular,
diminuição de freqüência cardíaca e respiratória, modulação positiva dos
sistemas imunológico e endócrino e perfeito funcionamento de todos os órgãos,
ou seja, o predomínio do sistema nervoso parassimpático. As últimas causam
tensão muscular, aceleração da freqüência cardíaca e respiratória, depressão do
sistema imunológico e distúrbios no sistema endócrino e alterações casuais em
órgãos diversos, isto é, o predomínio do sistema nervoso simpático. A longo
prazo, o resultado será influência no estado de saúde ou de doença.
Efetivamente, pesquisas têm demonstrado que pessoas felizes e otimistas têm
geralmente melhor saúde do que pessoas que cultivam tristeza, depressão,
ansiedade, irritabilidade ou visão negativa
da vida. Também têm demonstrado a relação entre emoções desprazerosas e a
incidência ou facilitação de um número de doenças que cresce continuamente.
Fica clara ainda a dificuldade para a ação dos tratamentos e a piora de
prognóstico na evolução de estados mórbidos, quando o paciente vive com esse
tipo de emoções. Isso indica que as emoções têm participação ativa na saúde e
na doença e, portanto, deveriam ser consideradas como parte do quadro clínico.
Sabe-se que a mudança de uma emoção desprazerosa para uma emoção
prazerosa muda o estado energético e bioquímico do ser e muda também seus
pensamentos e suas crenças. Tudo isso junto tem ação no corpo físico e vai
mudar algo no seu estado, chegando até a ativação dos genes. A ciência
epigenética tem demonstrado que os genes não controlam a vida per se, mas conforme os estímulos ambientais
e internos que chegam à membrana das
células. Daí, atingem as proteínas reguladoras, que envolvem o DNA. Como afirma
o biólogo Bruce H.Lipton, no livro A
Biologia da Crença (São Paulo: Butterfly Editora, 2007), “A nova compreensão da
mecânica do universo mostra como o corpo físico pode ser afetado pela mente não
material. Pensamentos, que são a energia da mente, influenciam diretamente a
maneira como o cérebro físico controla a fisiologia do corpo. A ‘energia’ dos
pensamentos pode ativar ou inibir as proteínas de funcionamento das células... As
emoções não se originam apenas de respostas do corpo ao ambiente. Por meio da
autoconsciência, a mente pode usar o cérebro para gerar moléculas de emoção e
agir sobre todo o sistema... Enquanto o uso apropriado da consciência pode
tornar um corpo doente mais saudável, o controle inconsciente inapropriado das
emoções pode causar muitas doenças”.
E isso ainda pode ser transmitido a uma, duas ou três gerações,
talvez constituindo a chave para o
entendimento da patogenia de doenças complexas do adulto e de efeitos
cumulativos do ciclo de vida e da etiologia de doenças familiares, conforme Zucchi,
Yao e Metz (The secret language of destiny: stress imprinting and transgenerational
origins of disease. Front Genet 2012 Jun 4;3:96). Esses autores propõem que memórias
epigenéticas, formadas por condições ambientais adversas e por estresse
representem um determinante critico de doença e saúde até a terceira geração e
além e concluem que a investigação do papel de fatores ambientais, como o
estresse, na provocação de variações de perfis epigenéticos pode levar a novos
rumos da medicina preventiva, personalizada, baseada em assinaturas
epigenéticas e intervenções adequadas.
Em vista dessas pesquisas e inúmeras outras, é tempo de as emoções serem
incorporadas ao campo do estudo da
doença e da saúde e fazer parte das considerações da origem e do comportamento
das enfermidades. “Muitos médicos se sentem inquietos com as emoções por vezes
associadas à doença. O formato de interrogatório (do médico) diz ao paciente
que o que se espera dele são apenas os fatos.
Mas a doença costuma ser muito mais do que uma série de sintomas .A
experiência de estar doente em grande medida se mistura a sentimentos e
significados, que moldam a experiência do paciente e sua percepção da doença em
formas que o médico não pode prever” (Lisa
Sanders. Todo Paciente Tem Uma História Para Contar. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Edit., 2010).
O atual estado dos conhecimentos científicos indica que é necessário
incorporar à prática médica o trabalho de busca das emoções desprazerosas por trás dos quadros
clínicos e sua transformação em emoções prazerosas, porque isso beneficia os
pacientes, potencializa os tratamentos e favorece a cura e a promoção da saúde.
Roberto Azambuja
Hospital Universitário de Brasília
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