A hanseníase
carrega um significado cultural por ser conhecida como “lepra” que em grego
significa escamoso. Assim, o preconceito, a auto-estigmatização, os conflitos
familiares, sociais e a incapacidade de autopercepção corporal podem se
intensificar e dificultar o enfrentamento da doença. A terminologia hanseníase
foi introduzida a partir da década de 1970, com a finalidade de diminuir o
estigma da doença2. Em 29 de março de 1995, o uso da terminologia
hanseníase tornou-se obrigatório no Brasil.
Desde os escritos bíblicos, a palavra “lepra” era
utilizada para indicar uma variedade de dermatoses, entre elas a psoríase e o eczema.
Isto porque, tanto a hanseníase quanto outras doenças dermatológicas podem provocar
alteração funcional, estética, psicossocial, sendo responsáveis também pelo
estigma sofrido pelo indivíduo.
A visibilidade da pele permite ao paciente dermatológico
uma interação direta com suas lesões, exposição ao outro, seja por meio do
toque, de novas complicações da doença ou pelo surgimento de novas lesões. Em
grande número de dermatoses, há uma estreita relação entre a pele e o psiquismo.
As doenças dermatológicas (psoríase, vitiligo, dermatite atópica, eczema, entre
outras) podem apresentar o mesmo impacto psicológico comparado à hanseníase,
manifestando sintomas depressivos, de ansiedade, transtornos obsessivos, etc. O
indivíduo com doença dermatológica crônica enfrenta inúmeras dificuldades e
insatisfações, tais como, a baixa perspectiva profissional, carência de apoio
familiar, social e limitações da vida cotidiana, entre outras.
A atuação da equipe interdisciplinar é imprescindível
quando se estabelece um vínculo de confiança, propiciando ao paciente
facilidade na aquisição das informações sobre a doença e maior adesão ao
tratamento. É evidente a importância de
se avaliar as questões psicológicas no surgimento das dermatoses, com o
objetivo de não apenas prevenir as doenças, mas também intervir nos aspectos
psicodermatológicos.
Antônio Carlos Ceribelli Martelli
Chefe da seção técnica - dermatologia e preceptor de residência médica do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP.
Renata Bilion Ruiz Prado
Pesquisadora científica do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP. Mestre em psicologia.
Mariane da Silva Fonseca
Psicóloga do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP. Mestre em psicologia.
Antônio Carlos Ceribelli Martelli
Chefe da seção técnica - dermatologia e preceptor de residência médica do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP.
Renata Bilion Ruiz Prado
Pesquisadora científica do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP. Mestre em psicologia.
Mariane da Silva Fonseca
Psicóloga do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP. Mestre em psicologia.