segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pele e Felicidade


Como diria o poeta Paul Valéry, o que existe de mais profundo no homem é a pele!

A pele, o maior órgão do corpo humano, igualmente maior para a subjetividade e, por que não, para a comunicação, é nossa interface com o mundo. Basta uma pequena alteração na pele e lá se foi nossa autoestima. Das preocupações históricas do contágio, quando sempre se “pegava” a doença de pele, à saúde da beleza, encontramos milhares de manifestações e sinais cutâneos. Do evolucionismo ao próprio envelhecimento, destacamos a cor da pele, que já mudou o mundo, com terríveis considerações sociais. Tudo passa pela pele! E hoje, mais do que sempre, a nossa felicidade. Uma interessante expressão francesa, bien dans sa peau, ilustra essa situação, principalmente quando utilizada no negativo da primeira pessoa, je ne suis pas bien dans ma peau. Essa sensação de não estar bem, dentro da sua pele, significa, simplesmente, não estar nada bem. Traduz um estado de infelicidade. Conseguiríamos a felicidade pele-independente? Por outro lado, feliz, a sabedoria popular produz pérolas, que cientificamente ficam, não entre conchas, mas sim entre aspas, repletas de valor. O amor, uma “questão” de pele. A aceitação, outra “questão de pele”. A “química” do tato. O “beijo” do toque. Enfim, sensações e percepções de bem-estar “à flor da pele”.

Em 1964, Lyndon Johnson, então presidente dos Estados Unidos, empregou pela primeira vez o termo qualidade de vida. Desde então, o termo se tornou obrigatório em diversas áreas do conhecimento. Na Medicina, consideramos não somente a eficácia e a segurança de um tratamento, mas também a terceira dimensão, seu funcionamento social. Assim, a Organização Mundial de Saúde definiu e mediu a qualidade de vida no impacto do nosso estado de saúde, do nosso viver. Em seguida, Andrew Finlay, professor de dermatologia na Inglaterra, elaborou o primeiro questionário a avaliar a qualidade de vida em pacientes com problemas de pele. Trata-se do DLQI (índice de qualidade de vida em dermatologia). Quando empregamos esse questionário nos pacientes, estamos avaliando, através da pele, o grau de impacto negativo daquela desordem cutânea na qualidade de vida desses pacientes. Estudos mostraram que alterações na pele são comparáveis a graves doenças sistêmicas quando falamos na falta de felicidade. E não estamos sequer falando em beleza!

Proteção física, defesa imunológica, controle da temperatura, reação metabólica, expressão sensorial, são conhecidas e importantes funções biológicas da pele. Arriscaríamos incluir felicidade. Fica a sugestão. E com você, “tudo skin”?

 AUTOR: DR. LINCOLN FABRÍCIO