Como diria o poeta
Paul Valéry, o que existe de mais profundo no homem é a pele!
A pele, o maior órgão do corpo humano, igualmente maior para a
subjetividade e, por que não, para a comunicação, é nossa interface com o
mundo. Basta uma pequena alteração na pele e lá se foi nossa autoestima. Das
preocupações históricas do contágio, quando sempre se “pegava” a doença de
pele, à saúde da beleza, encontramos milhares de manifestações e sinais
cutâneos. Do evolucionismo ao próprio envelhecimento, destacamos a cor da pele,
que já mudou o mundo, com terríveis considerações sociais. Tudo passa pela
pele! E hoje, mais do que sempre, a nossa felicidade. Uma interessante
expressão francesa, bien dans sa peau,
ilustra essa situação, principalmente quando utilizada no negativo da primeira
pessoa, je ne suis pas bien dans ma peau.
Essa sensação de não estar bem, dentro da sua pele, significa, simplesmente,
não estar nada bem. Traduz um estado de infelicidade. Conseguiríamos a
felicidade pele-independente? Por outro lado, feliz, a sabedoria popular produz
pérolas, que cientificamente ficam, não entre conchas, mas sim entre aspas,
repletas de valor. O amor, uma “questão” de pele. A aceitação, outra “questão
de pele”. A “química” do tato. O “beijo” do toque. Enfim, sensações e
percepções de bem-estar “à flor da pele”.
Em 1964, Lyndon
Johnson, então presidente dos Estados Unidos, empregou pela primeira vez o
termo qualidade de vida. Desde então,
o termo se tornou obrigatório em diversas áreas do conhecimento. Na Medicina,
consideramos não somente a eficácia e a segurança de um tratamento, mas também
a terceira dimensão, seu funcionamento social. Assim, a Organização Mundial de
Saúde definiu e mediu a qualidade de vida no impacto do nosso estado de saúde,
do nosso viver. Em seguida, Andrew Finlay, professor de dermatologia na
Inglaterra, elaborou o primeiro questionário a avaliar a qualidade de vida em
pacientes com problemas de pele. Trata-se do DLQI (índice de qualidade de vida
em dermatologia). Quando empregamos esse questionário nos pacientes, estamos
avaliando, através da pele, o grau de impacto negativo daquela desordem cutânea
na qualidade de vida desses pacientes. Estudos mostraram que alterações na pele
são comparáveis a graves doenças sistêmicas quando falamos na falta de
felicidade. E não estamos sequer falando em beleza!
Proteção física,
defesa imunológica, controle da temperatura, reação metabólica, expressão
sensorial, são conhecidas e importantes funções biológicas da pele.
Arriscaríamos incluir felicidade. Fica a sugestão. E com você, “tudo skin”?