Dra. Cecília Cassal
O Programa de Residência Médica foi
credenciado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e pela Comissão Nacional
de Residência Médica (CNRM/MEC) em 1997 no Ambulatório de Dermatologia
Sanitária (ADS) e está vinculado, juntamente com os Programas de Medicina
Comunitária, Pneumologia Sanitária e Psiquiatria, à Escola de Saúde Pública
(ESP) do Rio Grande do Sul, sob as diretrizes do Sistema Único de Saúde.
Historicamente, o Ambulatório de Dermatologia Sanitária da Secretaria da Saúde
do Rio Grande do Sul é uma instituição que data da década de 1930 e foi
idealizada para cuidar da saúde dos portos, das doenças sexualmente
transmissíveis e da hanseníase, além da dermatologia geral.
No final dos anos 90, durante o
processo de credenciamento do Programa junto ao MEC e à SBD retomava-se, na ESP,
o Programa de Residência Integrada (Multidisciplinar) em Medicina da Família e
da Comunidade, de Pneumologia Sanitária e em Saúde Mental. Com o ingresso do
programa de Dermatologia, e por características de interdisciplinaridade já
existentes, principalmente no Programa de controle de HIV/AIDS, que tinha sede
no ADS, foi implantado, a princípio sob legislação estadual, e atualmente
reconhecido pelo MEC, o Programa de Residência Integrada em Dermatologia
Sanitária. Desse modo, o ADS conta com os Programas de Residência Médica em
Dermatologia (MEC/SBD/ESP) e Residência Integrada em Dermatologia Sanitária para
Psicologia, Enfermagem, Serviço Social e Nutrição (MEC/ESP).
No ADS funcionam atualmente os
ambulatórios de dermatologia geral, pediátrica, pacientes crônicos,
procedimentos, pele e psiquismo, hanseníase, DST feminina e masculina, acne,
lipoatrofia facial, nutrição, serviço social, psicologia, Centro de Testagem e
Aconselhamento (CTA) para HIV/AIDS, e os grupos da Associação de Amigos da
Dermatite Atópica, Adesão aos tratamentos (desenvolvidos principalmente pela
enfermagem) e de Psicodermatoses (desenvolvidos principalmente pela
psicologia), além de serviços de suporte, como laboratórios de micologia e
sorologia.
A experiência da
multidisciplinaridade em saúde é construção constante, com avanços e
retrocessos que resultam em crescimento para todos. Às dificuldades de “saber
fazer” sobrepõem-se aquelas de “fazer saber”, em um contexto onde o
conhecimento nuclear de cada especialidade amplia seus limites e – ao tocar o
campo comum de atuação, a saúde – encontra, interage, completa e completa-se dos
outros saberes. O ensino e a aprendizagem, a construção de conhecimentos e a
assistência em dermatologia nesse contexto, são pioneiros no estado e talvez no
país. Assim, os erros e acertos, os conflitos e soluções, os embates por vezes
corporativos, outras puramente humanos, são previsíveis e, sob certo aspecto,
desejáveis para expandir as fronteiras de um conhecimento que deve ser comum a
todos: o da integralidade em saúde. Onde ainda não existem caminhos, primeiro
abrem-se picadas pelas quais passar. Assim é a trilha que a
multiprofissionalidade faz através da interdisciplinaridade, rumo a uma
transdisciplinaridade que ora é objetivo, ora saudável utopia.