segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Saber Fazer e Fazer Saber – Desafios da integralidade em saúde


Dra. Cecília Cassal

O Programa de Residência Médica foi credenciado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC) em 1997 no Ambulatório de Dermatologia Sanitária (ADS) e está vinculado, juntamente com os Programas de Medicina Comunitária, Pneumologia Sanitária e Psiquiatria, à Escola de Saúde Pública (ESP) do Rio Grande do Sul, sob as diretrizes do Sistema Único de Saúde. Historicamente, o Ambulatório de Dermatologia Sanitária da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul é uma instituição que data da década de 1930 e foi idealizada para cuidar da saúde dos portos, das doenças sexualmente transmissíveis e da hanseníase, além da dermatologia geral.

No final dos anos 90, durante o processo de credenciamento do Programa junto ao MEC e à SBD retomava-se, na ESP, o Programa de Residência Integrada (Multidisciplinar) em Medicina da Família e da Comunidade, de Pneumologia Sanitária e em Saúde Mental. Com o ingresso do programa de Dermatologia, e por características de interdisciplinaridade já existentes, principalmente no Programa de controle de HIV/AIDS, que tinha sede no ADS, foi implantado, a princípio sob legislação estadual, e atualmente reconhecido pelo MEC, o Programa de Residência Integrada em Dermatologia Sanitária. Desse modo, o ADS conta com os Programas de Residência Médica em Dermatologia (MEC/SBD/ESP) e Residência Integrada em Dermatologia Sanitária para Psicologia, Enfermagem, Serviço Social e Nutrição (MEC/ESP).

No ADS funcionam atualmente os ambulatórios de dermatologia geral, pediátrica, pacientes crônicos, procedimentos, pele e psiquismo, hanseníase, DST feminina e masculina, acne, lipoatrofia facial, nutrição, serviço social, psicologia, Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) para HIV/AIDS, e os grupos da Associação de Amigos da Dermatite Atópica, Adesão aos tratamentos (desenvolvidos principalmente pela enfermagem) e de Psicodermatoses (desenvolvidos principalmente pela psicologia), além de serviços de suporte, como laboratórios de micologia e sorologia.

A experiência da multidisciplinaridade em saúde é construção constante, com avanços e retrocessos que resultam em crescimento para todos. Às dificuldades de “saber fazer” sobrepõem-se aquelas de “fazer saber”, em um contexto onde o conhecimento nuclear de cada especialidade amplia seus limites e – ao tocar o campo comum de atuação, a saúde – encontra, interage, completa e completa-se dos outros saberes. O ensino e a aprendizagem, a construção de conhecimentos e a assistência em dermatologia nesse contexto, são pioneiros no estado e talvez no país. Assim, os erros e acertos, os conflitos e soluções, os embates por vezes corporativos, outras puramente humanos, são previsíveis e, sob certo aspecto, desejáveis para expandir as fronteiras de um conhecimento que deve ser comum a todos: o da integralidade em saúde. Onde ainda não existem caminhos, primeiro abrem-se picadas pelas quais passar. Assim é a trilha que a multiprofissionalidade faz através da interdisciplinaridade, rumo a uma transdisciplinaridade que ora é objetivo, ora saudável utopia.