O
vitiligo é uma das mais intrigantes doenças da pele. Ela não representa ameaças
para a integridade física do paciente e a presença de sintomas físicos é
escassa, mas alguns pacientes podem ter emoções vinculadas ao vitiligo A
dermatologista da clínica Diversità Dermatologia, Dra. Tânia Nely Rocha ,
relata que é importante durante a consulta focar no paciente que está com
vitiligo e não somente no vitiligo que está no paciente naquele momento da vida
daquela pessoa.
A
importância dada pelos pacientes à doença está diretamente relacionada com o
fato de as manchas se localizarem, em sua maioria, em áreas visíveis. Esses
indivíduos podem ser estigmatizados por
sua aparência, e isso pode interferir negativamente em sua vida social e
relacionamentos interpessoais. A situação se pode ser tornar ainda mais
delicada quando envolve crianças e adolescentes, tendo em vista que cerca de
50% dos casos se iniciam antes dos 20 anos de idade, e 25% antes dos 10. Esses
pacientes requerem especial atenção, uma vez que crianças e adolescentes estão
em fase de formação de sua identidade e levar em consideração os aspectos do
bulling...
Pesquisa
realizada com 100 pacientes de vitiligo no Hospital Universitário de Brasília
(HUB) verificou que a doença provoca um sério impacto emocional. 80% dos
pacientes que apresentavam manchas em áreas expostas do corpo queixaram-se de
emoções desagradáveis. E 37% dos que tinham manchas em áreas não expostas
afirmaram sentir emoções negativas em relação à doença. Prevaleceu, sendo
citado por 71% dos pacientes, o sentimento de medo (principalmente, da doença
se espalhar). A segunda emoção mais apontada foi vergonha (57%) e a terceira
insegurança (55%). Em seguida, foram destacadas tristeza (55%) e inibição
(53%). Nenhum paciente expressou emoção positiva em relação à doença.
O
mesmo cenário foi apontado por um estudo realizado por pesquisadores do Curso
de Medicina da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas (RS ). De acordo
com a pesquisa, cerca de 25% dos pacientes com doenças dermatológicas
apresentam sofrimento psíquico. Além disso, a pesquisa também demonstrou que os
pacientes com vitiligo estão propensos a ter sofrimento psíquico maior quando
comparados aos pacientes com acne vulgar. O estudo ainda apontou que a doença
pode provocar disfunção emocional que requer intervenção psicológica, uma vez
que podendo interferir negativamente na autoestima dos pacientes. A depressão e
a ansiedade são os distúrbios psíquicos mais comuns nos pacientes de vitiligo,
que ainda podem apresentar fobia social, agorafobia e dificuldades de relação
com o parceiro, entre outros distúrbios.
Diante
desses dados, a Dra. Tânia Nely enfatiza que a busca pelo tratamento do
vitiligo não se trata apenas de preocupação estética, mas sim, de busca pelo
significado da doença no corpo da pessoa naquele momento da vida. “É papel do
dermatologista oferecer uma abordagem mais humanizada para o problema”,
ressalta. Em dos artigos publicados por ela na revista da sociedade brasileira
de dermatologia ela aponta um dos caminhos que podem ser seguidos pelos colegas
dermatologistas no atendimento dermatológico colocando na avaliação médico a
pesquisa dos aspectos fisiológicos, comportamentais, cognitivos, afetivos, sistêmicos
e ecológicos em relação ao paciente, visando alcançar a excelência no relacionamento
entre médico e paciente e entre o paciente e o médico. “Por meio da sintonia
com o paciente, do questionamento cuidadoso e do envolvimento e interesse do
dermatologista em estar sensível a ele, é possível ter um atendimento respeitoso
e eficaz”. É importante que o paciente tenha um elo de afeto, respeito e confiança
em seu dermatologista para que ambos possam na busca pela cura buscarem e
encontrarem orientações para os caminhos, atalhos e saberes a serem percorridos
e que façam sentido e sejam adaptados na vida daquele paciente em especial.
Dra. Tânia Nely Rocha (Belo Horizonte - BH) |
Parabéns Dra. Tânia Nely pelo excelente artigo!
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